Livros de Areia

sábado, 30 de dezembro de 2006

Ainda tempo para novidades?

Apenas para não acabar este ano sem novidades garantidas para o próximo. A saber: podemos anunciar que iremos publicar as edições portuguesas de Being There de Jerzy Kosinski e Memória del Fuego de Eduardo Galeano, o primeiro certamente em 2007, o segundo (uma trilogia, considerada uma das obras-primas da literatura sul-americana do século XX) senão no próximo ano, então certamente em 2008. Em 2008 também, continuaremos a colocar Kosinski no mapa das letras em Portugal, com a publicação de Steps, o romance que valeu ao autor o National Book Award em 1969.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Palavras mágicas de Nova Iorque

Uma agente satisfeita algures em Nova Iorque ("The books arrived and are very handsome. Beautifully published. Thank you.") e uma cópia fresquinha da nossa edição de O pássaro pintado a seguir para a Beinecke Library da Universidade de Yale. Pronto, 2007 já pode vir agora.

Da imprensa

Na passada 6.ª-feira, no suplemento com o mesmo nome do DN, um dos nossos livros, de forma muito inesperada (ainda que não injusta, confessemos...), caiu entre os lugares elegíveis do Top dos Melhores Livros de 2006 de um dos críticos que, regularmente, aí escreve. Correcção: além de Uma nova história universal da infâmia de Rhys Hughes, também A transformação de Martin Lake de Jeff VanderMeer encontrou espaço para uma referência neste vórtice triturador que são as "escolhas" de final de ano, onde tantos e tão bons títulos escapam por entre os dedos dos "juízes".
Não podemos realmente queixar-nos da imprensa, no que à atenção aos nossos títulos diz respeito. É até com algum espanto que damos conta do volume de referências a nós na imprensa até agora (algumas das quais estão na nossa página Press), tendo em conta a pequenez e a situação geográfica do nosso projecto, na "periferia da periferia" como escrevia Mário Santos, no início do ano, na nossa apresentação no Mil Folhas. Estamos orgulhosos por termos provado, pelo menos, uma coisa: que projectos com qualidade, que procuram oferecer um catálogo válido e excitante ao mercado de livreiros e leitores, com TOTAL devoção a cada título lançado como se se tratasse do último, podem encontrar um meio de divulgação sem abrirem escritório numa avenida de Lisboa ou Porto e fazerem contratos com agências de comunicação. E na era da internet, o nosso escritório é no PC (ou Mac) de cada potencial ou real leitor, livreiro, jornalista, académico, tradutor, etc.
A única queixa será dirigida a um mercado que assiste ao fluxo mensal de milhares de euros no negócio da produção dos livros (compra de direitos - quantas vezes inflacionada...-, campanhas de promoção bizantinas, etc) e não consegue organizar-se para que exista mais do que uma(!) revista mensal sobre livros, e outra revista anual(!). Se não fosse pela Os Meus Livros (acompanhada pela secção de Livros da mensal Magazine Artes), e, sobretudo, pelo Mil Folhas e o (este numa notável arrancada do Diário de Notícias), dir-se-ia não se publicarem livros em Portugal. Apenas esperamos que o Actual do Expresso volte à sua anterior quantidade (não é um problema de qualidade), e supere as míseras 3 páginas dedicadas aos livros (contagem de um dos últimos números), das quais uma é repartida entre a coluna da crónica e a publicidade.
Este é (ainda) um negócio de página impressa, e sem imprensa escrita divulgadora, mas também crítica, selectiva e - porque não? - educadora de gostos, a parte comunicativa do acto de editar perde o seu arranque e o seu sentido.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Mamã, queremos de prenda:


Se encontrarem este livro (se ele existir...), não hesitem. Também fomos assediadores, mas não somos ressabiados. Apesar do gosto da capa, entre o techno e um psicadelismo algo serôdio, estes textos de Mário Santos são do melhor que por aí se escreveu "à volta" (está aí o segredo) dos livros. E a ler também, o seu texto no último Mil Folhas.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Notas de um congresso

A ler com atenção, as notas de Nuno Seabra Lopes sobre o congresso de editores da UEP, que se realizou na Gulbenkian no mês passado. De todo o conteúdo, alguns pormenores que retivemos, de forma não totalmente aleatória (sublinhados nossos):

"Se é verdade que por Internet nós não conseguimos atingir 2% das nossas vendas globais, também é verdade que o nosso site, que nos custa 200 Euros mensais, promove mais o nosso catálogo do que 10 000 Euros em anúncios mensais. [...]
Caros colegas, aquela figura do editor próspero e feliz, de suspensórios no seu gabinete bem decorado, com autores fiéis, agentes literários idem, mercado bem comportado, foi vilmente assassinado. Hoje acorda para uma batalha diária em que tudo se transforma. Os autores mudam de editora por uma qualquer ilusória vantagem, os agentes proliferam como cogumelos e, sem a mínima hesitação, fazem leilão como qualquer corretor da bolsa. Por outro lado, as tradicionais livrarias de rua, antes estáveis e emblemáticas, estão agora em crise, compram mal e pagam pior. As grandes cadeias e hipermercados esmagam-nos, a nós editores, porque são campeãs de vendas, e os novos títulos que vendem pouco nas primeiras semanas são implacavelmente devolvidos."
(Mário Moura, editor da Pergaminho)

"É a partir deste momento que CVF exige ao Estado o reconhecimento da necessidade de internacionalização, para que proceda da mesma forma que noutros sectores, apoiando de modo particular a indústria da edição (de passagem, CVF fez referências críticas ao apoio do Estado no campo do Cinema, da Moda e do Futebol). [...] CVF limitou-se (correctamente, no meu entender) a exigir aquilo que, de facto, pode e deve ser exigido, sendo preciso agora que as suas exigências se adaptem às características, políticas e instrumentos actuais do governo. Adaptação essa que deverá partir não só dos editores mas também, e principalmente, de uma real abertura e de um visão despreconceituosa do Estado.
De facto, meus senhores, o ICEP revela preconceitos inaceitáveis em relação a esta indústria, tendo a imagem crítica que, de uma forma geral, os editores encaram o seu negócio somente como arte e cultura (paradigma elitista), pelo que não compete (ou agrada) ao ICEP apoiar a indústria editorial."
(Nuno Seabra Lopes sobre a intervenção de Carlos Veiga Ferreira, editor da Teorema)

domingo, 17 de dezembro de 2006

Tim Burton e Jerzy Kosinski : uma sugestão


A associação de factos funciona assim. Há uns bons anos, quando li The painted bird - e ainda nem sonhava que iria trabalhar na sua edição portuguesa -, pensei que daria um excelente blueprint para um filme animado de Tim Burton, no estilo do Nightmare Before Christmas. Cheguei a pensar escrever-lhe, dando-lhe a ideia. Há minutos, li no blogue do José Mário Silva que a editora Errata acabou. Que livros editou a Errata? Não muitos, mas entre eles, um do Edward Gorey e outro do... Tim Burton, A Morte Melancólica do Rapaz Ostra e Outras Histórias. Através do blogue do JMS, a Errata passa a mensagem de uma derradeira promoção, um acto de misericórdia e de limpeza de stock, antes do fecho de portas.
Aqui fica a referência, e uma sugestão nossa: comprem o livro do Tim Burton e O pássaro pintado do Kosinski, leiam um e outro, a ordem é aleatória. E tenham um Natal inesquecível. Garantido.
PM

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Eduardo Galeano: para não ser mudo...



Um segredo de Eduardo Galeano, num excelente pedaço de filme da TVE2. Um estádio de futebol vazio (onde se evoca o início de um dos textos de Futebol: sol e sombra), um café sombrio e acolhedor e uma voz única.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Stanislaw Lem, por Krzysztof Gierałtowski



Ainda não tínhamos agradecido aqui a gentileza do fotógrafo polaco Krzysztof Gierałtowski em ceder-nos o uso do retrato de Jerzy Kosinski para a edição de O pássaro pintado.
Este aqui é um retrato de Stanislaw Lem, um nome que se irá cruzar connosco (ou será ao invés?) em 2007. Vão aguardando.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Jerzy Kosinski no YouTube

O nosso trailer para "O pássaro pintado" de Jerzy Kosinski já está no YouTube (a qualidade não é a mesma do filme Flash que está no nosso site).
E este estranho e intenso achado (se alguém souber de onde isso foi tirado, agradecemos a informação).



Dos livreiros III

E como não poderíamos acabar este ano de 2006 (e o nosso primeiro de actividade) apenas com reparos ou críticas, permitam-nos aqui que destaquemos alguns livreiros que marcaram de forma mais especial estes nossos primeiros passos, ressalvando o nosso sincero agradecimento e simpatia por TODOS os livreiros que aceitaram ou procuraram os nossos livros. A lista completa está, como referimos antes, no nosso site, na página Onde Comprar.

A livraria Index, no Porto, nasceu quase ao mesmo tempo que nós, e revelou-se uma inesperada aliada, quer pela enérgica direcção, quer pelo contínuo interesse e entusiasmo demonstrado pelos nossos livros, passando por aquilo que é o tutano da nossa existência, ou seja, o cumprimento dos pagamentos e uma média de vendas muito boa. Graças à intervenção da livreira Justa Barbosa, fizemos apresentações e conhecemos agentes culturais da cidade (Andreia Azevedo Soares e Manuel Jorge Marmelo), pelo que um agradecimento da nossa parte saberá quase a pouco. À Márcia e à Andrea, que compõem o triunvirato de livreiras, extende-se esse agradecimento.

Graças à determinação de um livreiro de que conhecemos apenas a voz, o Sr. Jacques dos Santos, também editor, pudemos dar o passo internacional e ter uma representação em Luanda, na livraria Chá de Caxinde. O facto de todo o processo de contacto e negociação se ter desenvolvido enquanto o sr. Jacques atravessava alguns problemas de saúde, só torna a sua tarefa de nos procurar e de comprar alguns livros nossos ainda mais excepcional. Aqui fica o nosso agradecimento pela chance de sermos lidos nessa bela cidade, e os votos de continuada e melhorada saúde a um livreiro tropical.

Pequenas editoras só são bem servidas por pequenas livrarias? Errado. Para grande surpresa nossa, a FNAC revelou-se um intermediário salvífico para o nosso projecto. São descomplicados, rápidos nas respostas, pacientes com editores pouco experientes. E, acima de tudo, gostam de livros bem feitos. Tal como nós. Para além de, obviamente, venderem bem. E comprarem para vender. As suas lojas são, na sua maioria, locais onde uma pequena editora se sente tratada como igual às grandes, e numa em especial, a do Colombo, fizemos já duas apresentações de que guardamos as melhores recordações.

A todos, estes e os restantes, obrigado e um bom arranque de 2007.

Dos livreiros II

Dada a recente vaga de contenção, e segundo nos dizem alguns livreiros, as editoras e grupos editoriais do mainstream têm vindo a prescindir da função do vendedor. Ora isto significa, simplesmente, que, se a montanha deixa de vir a Maomé, terá de estabelecer novas formas de ligação para que Maomé venha até ela. Trocado por miúdos: os livreiros devem forçosamente começar a consultar os sites das editoras, e estes terão de começar igualmente a articular o seu contéudo para os livreiros, pois passarão a ser os verdadeiros pivots de informação e divulgação.
Um livreiro sem acesso à internet, é um livreiro que não nos informa da situação dos stocks, que não recebe as nossas informações sobre lançamentos ou novidades, que nos continua a pedir livros que estão marcados como "esgotados" no nosso site há meses, com quem não podemos resolver, em segundos, problemas de "papelada", etc. Do ponto de vista de um editor, ou pelo menos de um editor como nós o concebemos actualmente, esse livreiro, pura e simplesmente, não existe.
E se, ainda por cima, insistir na venda e na promoção dos mesmos livros que uma cadeia poderosa vende mais e melhor (as proverbiais bestas céleres), em vez de procurar basear o seu comércio na enorme oferta de livros na área de mainstream que fica logo abaixo das edições feitas para os tops (onde nos situamos, e onde se situa a esmagadora maioria da edição portuguesa), incluindo, obviamente, as auto-proclamadas edições marginais, ele não estará a oferecer nenhuma mais-valia ao rendimento de uma editora nessa área.
Acreditamos que também podemos servir os livreiros melhor, e trataremos de afinar o nosso site para eles em 2007, recorrendo igualmente aos clássicos meios de comunicação, como pequenos catálogos impressos. Mas gostaríamos de ver, deste nosso pequeno nicho na montanha, um Maomé mais activo na travessia desse vale que nos separa...

Dos livreiros I : três situações exemplares

Três situações, ocorridas em 2006, que ilustram alguma da nossa perplexidade face aos atavismos de (alguns) livreiros ditos "tradicionais" (por suposta oposição aos livreiros das cadeias de lojas). Omitiremos nomes por razões óbvias, e porque estes não concorrem em nada para a essência do argumento.

1) Um livreiro da capital pede-nos com urgência um exemplar de um dos nossos livros, pois um cliente "muito especial" procura-o. É suposto enviarmos-lhe 1 exemplar com os "descontos de livreiro". Dizemos-lhe que esses descontos só se aplicam no caso de haver uma venda de livros (plural) à consignação na livraria (ou seja, trocamos uma percentagem do que ganhamos nas vendas por um serviço completo de livraria: exposição, proximidade com os compradores potenciais, alguma promoção, etc); caso contrário, trata-se da simples encomenda de um livro. Ele responde que a situação é urgente e que está disposto a encomendar o livro até à Cobrança. Dizemos-lhe que, nesse caso, irá pagar mais do que o PVP, perdendo qualquer margem de lucro, pelo que lhe propomos enviar 5 livros à consignação, sem despesas para a livraria, dos quais ele retiraria 1 para vender ao cliente em causa. O livreiro opta por encomendar apenas 1 exemplar à Cobrança, pagando 2 euros acima do PVP.
2) Situação algo semelhante com uma livraria dos arquipélagos atlânticos, desta vez com a variante de, após a insistência inicial (de novo motivada pela procura de um "cliente especial") , e tendo a chance de fazer um pedido de livros à consignação através da cadeia de lojas onde se enquadra, o livreiro nãopedir nenhum. Ou seja: um "cliente especial" fá-lo ligar para o móvel, enviar faxes e emails para comprar-nos 2 livros, mas quando pode ter esses livros sem custos o livreiro não se mexe.
3) Um livreiro do Porto recebe uma certa quantidade de livros nossos à consignação, após um contacto pessoal da nossa parte, que envolve a oferta de um exemplar. Pouco mais de um mês depois, ligamos para a livraria perguntando pela situação dos stocks e vendas, o que é supostamente entendido pelo livreiro como sinal de pressão ou crítica velada da nossa parte e, numa birra, decide devolver a consignação.

É este tipo de situações absurdas que faz com que, paradoxalmente, o trabalho com as grandes cadeias seja, por vezes, mais fácil e linear para pequenas editoras.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Oferta de Natal!


Oferecemos aos nossos leitores, em total exclusivo, e em jeito de antevisão, um dos ensaios de Matthew Rossi, Yule, numa tradução de Luís Rodrigues. Leia e ofereça... a seu próprio risco!
Conheça o génio distorcido e cultíssimo de Matthew Rossi, nesta oferta exclusiva e irrepetível! Leia no nosso site ou faça o download do ficheiro PDF e imprima (um documento A4 que poderá dobrar em folio, ler ou oferecer). Aviso: esta leitura pode revelar-lhe coisas... surpreendentes!

domingo, 3 de dezembro de 2006

Não há desculpa...


... para ainda não termos mencionado os 33 anos dessa small press portuguesa por excelência, a &etc. Podem ver o seu fabuloso catálogo de heterodoxias aqui. Algumas capas são fantásticas, e não se resistiu a colocar uma delas aqui. Livros pequenos, essenciais, de culto, e, por vezes, quase luxuosos (veja-se o notável volumezinho Eufonia ou A Cidade Musical - Novela do Futuro).

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Uma irresistível heresia para 2007


Chama-se Matthew Rossi, tem apenas um livro no currículo, Things that never were. Uma colecção de ensaios que esticam ao máximo os limites da credulidade do leitor, sem deixar de mostrar um assombroso conhecimento e uma capacidade única de cruzar dados e factos num tecido que apenas à superfície parecerá caótico. Apresenta-se assim:

Matthew Rossi is a native of Prudence Island, Rhode Island. He's lived in London, Chicago, Washington DC, San Francisco, Seattle and currently finds himself contained within a nutshell of infinite space in Edmonton along with his wife and their menagerie. His work has appeared in The High Hat, Adventure, Postscripts and Fantastic Metropolis and his collection of essays. He has no significant bodily aberrations or distinguishing marks and is in general a fairly nondescript bearded fellow, and has never met nor collaborated with the noble Sasquatch on any projects.

Em 2007, poderão conhecê-lo melhor, pela mão de Luís Rodrigues, e em breve terão no nosso site uma amostra da forte medicina deste curandeiro.