O fim de uma era?
Esta é a capa do número 77 da extinta À Suivre que comprei em Janeiro de 1985, depois de uma semana a cobiçá-la de longe e com um misto de respeito e receio: seria a minha primeira compra "adulta" com 14 anos, pelo que o passo teria de ser bem medido. Nesse mês, o dinheiro que tinha reservado para comprar a "Onze" foi para esta À Suivre, e não voltei a comprar revistas de futebol.
Fui assim apresentado a José Muñoz, que me seduziu dias a fio com este desenho na capa e com a sua (e de Carlos Sampayo) BD no interior, e que nunca mais deixei de considerar como um virtuoso genial e visceral, inigualável nessa coisa de desenhar a tinta-da-china. Este mês de Janeiro de 2007, 22 anos depois, Muñoz acaba de receber o Grande Prémio de Angoulême. Escolha óbvia para quem trabalhou tantos anos na esfera francófona da edição de BD.
Mas a verdadeira notícia (para além da crise financeira do Festival) é a de que o cobiçado prémio de Melhor Álbum foi para Non Non Bâ, do japonês Shigeru Mizuki, dessa forma tornando "oficial" a aceitação da manga no panteão franco-belga e a sua implacável penetração (tentacular, diríamos...) no mercado europeu. E isto fez-me pensar no que me disseram, há dias, na melhor livraria de BD do país, a Mundo Fantasma do Porto: os álbuns franco-belgas importados deixaram de se vender, porque já ninguém os procura. E não apenas os álbuns, como também as revistas, como a sucessora da À Suivre no catálogo da Casterman, a fabulosa Bang!. Agora, na estante da parede oposta aos americanos, temos os japoneses.
Onde poderia, hoje, um miúdo de 14 anos conhecer José Muñoz?
(PM)
Fui assim apresentado a José Muñoz, que me seduziu dias a fio com este desenho na capa e com a sua (e de Carlos Sampayo) BD no interior, e que nunca mais deixei de considerar como um virtuoso genial e visceral, inigualável nessa coisa de desenhar a tinta-da-china. Este mês de Janeiro de 2007, 22 anos depois, Muñoz acaba de receber o Grande Prémio de Angoulême. Escolha óbvia para quem trabalhou tantos anos na esfera francófona da edição de BD.
Mas a verdadeira notícia (para além da crise financeira do Festival) é a de que o cobiçado prémio de Melhor Álbum foi para Non Non Bâ, do japonês Shigeru Mizuki, dessa forma tornando "oficial" a aceitação da manga no panteão franco-belga e a sua implacável penetração (tentacular, diríamos...) no mercado europeu. E isto fez-me pensar no que me disseram, há dias, na melhor livraria de BD do país, a Mundo Fantasma do Porto: os álbuns franco-belgas importados deixaram de se vender, porque já ninguém os procura. E não apenas os álbuns, como também as revistas, como a sucessora da À Suivre no catálogo da Casterman, a fabulosa Bang!. Agora, na estante da parede oposta aos americanos, temos os japoneses.
Onde poderia, hoje, um miúdo de 14 anos conhecer José Muñoz?
(PM)
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