Mais um
Ou melhor, menos um. Depois do Mil Folhas (o único suplemento literário a sério na imprensa portuguesa durante anos), chegou a vez do 6a. À imagem dos detentores do Público, a Controlinveste, detentora do Diário de Notícias, parece também não saber manter o que de bom foi criado por si (erase and rewind parece ser a norma quando as direcções se renovam...), pondo termo a um dos melhores suplementos de novas tendências culturais, que conseguia unir num todo homogéneo os quase opostos mundos da música e da edição de livros com um estilo que encontrava equilíbrio entre os pólos comercial e erudito, e ao qual não era alheio o brilhantismo de Nuno Galopim, José Mário Silva, João Céu e Silva e de todos os redactores desse suplemento. Era também um dos suplementos mais bem desenhados, com uma grelha serena que melhorava alguns excessos do antigo DNa.
Lê-se no Meios&Publicidade sobre o "descontinuamento da 6ª" que os conteúdos que faziam parte deste suplemento “irão ser redistribuídos pelo jornal, ao mesmo tempo que a secção de cultura do DN sairá reforçada às sextas-feiras”. Mas uma secção de cultura "reforçada" não merece um suplemento?...
Não se notou nada desse "reforço" hoje, e de dentro do jornal caiu uma revistinha, formato Maria, sobre a programação da TV...
Num país onde os livreiros só se mexem quando os leitores curiosos se dirigem aos balcões das livrarias para pedir livros, e onde os leitores curiosos só vão às livrarias quando vêm a capa de um livro num jornal, qual a consequência destes "descontinuamentos" na crítica, promoção e divulgação dos livros na imprensa escrita?
P.S.: Rui Bebiano com um excelente post sobre isto, aqui.
2 Comments:
O que não é de admirar por parte de um jornal que vem progressivamente abatendo a floresta cultural que ajudou a cultivar no passado e que era dos poucos aspectos positivos que o distinguia do Publico - se mata a divulgação da cultura, já matou anteriormente a produção e acarinhamento da mesma, negando ao DN Jovem o mero espaço de algumas míseras páginas na Web... o DN já foi, é tempo de trazer algo novo. Com outro nome, outra direcção e outros patrões. Deixai estes definhar na miséria da mais mesquinhas das atitudes capitalistas...
Assino por baixo :)
Na última sexta-feira 13, deixei de o comprar...para me dedicar a leituras mais férteis.
Um abraço
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