Livros de Areia

domingo, 17 de agosto de 2008

Barney Rosset: for fun and profit



Não é muito (para não dizer nada) vulgar que as câmaras se virem para um editor e que alguém decida contar a sua história. Mas a história de Barney Rosset é mais do que isso: é uma lenda. Por um destes acasos, descubro que em 2007 foi feito um documentário sobre o director da Grove Press, a mais arrojada casa de edição nova-iorquina, que publicava com o mais requintado bom gosto o que mais ninguém se atrevia a publicar nos EUA: Beckett, Mishima, Ionesco, as bandas desenhadas para adultos vindas de França, a revista Evergreen (em cuja capa apareceu a primeira imagem de Che Guevara publicada na imprensa americana) e o Trópico de Cancer de Henry Miller, que lhe valeu problemas com a justiça americana. O filme chama-se Obscene: a Portrait of Barney Rosset, e dele há um site promocional, onde podemos ver uma galeria fotográfica com os entrevistados. Num texto autobiográfico, Rosset escreve sobre o que chegou a ser a sua Grove (hoje com a designação de Grove Atlantic):

"At its peak Grove was a self-contained mini-conglomerate with a seven story building on Mercer Street, a publishing operation for hardcovers, quality and mass market paperbacks, an education department, a book club, a movie division, a theatre, a high-powered sales department, its own giant computer, and last but not least, a 1930s bar elegantly appointed in the Warner Brothers Art Deco look. I had always wanted to own a bar. Our beautiful Black Circle Bar on 11th Street taught me the hard way that it's cheaper to drink in somebody else's bar."

Na imagem que encima este post está a capa do Saturday Evening Post de 2 de Janeiro de 1969. A imprensa conservadora via este homem a sair do esgoto para vender os seus livros for fun and profit, mas uma simples visão das capas e dos títulos dá-nos uma ideia do fabuloso catálogo da Grove já naqueles anos, e da sua famosíssima qualidade gráfica. Rosset saía a rir do buraco, e, apesar da sua quase falência financeira e de mais de 50 anos no fio da navalha da vida cultural, é difícil acreditar que hoje, com mais de 80 anos, não o continua a fazer ainda.
(PM)

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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Your friendly neighborhood grocery store

"...and who remains not only your obedient servant, but also in this age of supermarkets your friendly neighborhood grocery store." (Orson Welles, discurso ao receber o Lifetime Achievement Award do AFI, Fevereiro de 1975)

Nos filmes, como nos livros: editar pouco, editar cada vez melhor, controlar todos os passos da produção (leia-se, saber fazê-los), tornar cada livro num objecto válido e duradouro, apontar às mercearias especializadas que conhecem o valor do produto. Orson Welles, que sabia adaptar a escrita de outrém (The Magnificent Ambersons, 1942) e sabia escrever como ninguém para cinema (F for Fake, 1973), teria sido certamente um editor muito interessante.



E o Livro de Areia vai para...

... Penafiel (Lev Khonostrov), Amadora (Ana Cristina Alves) e Lisboa - Braço de Prata (João Entresede). Termina, assim, mais uma promoção para este Verão 2008. Obrigado aos nossos leitores!

sábado, 2 de agosto de 2008

Nova promoção de Verão


Porque é Verão, e porque as devoluções tardias têm destas coisas, anuciamos que temos para oferta 3 exemplares (os últimos do nosso stock) da edição limitada, numerada e assinada de Em busca do Livro de Areia & outras histórias de Rhys Hughes, o nosso cartão de apresentação em finais de 2005. Aos 3 primeiros leitores que nos provarem terem comprado os dois livros do autor que publicámos até agora, Uma nova história universal da infâmia e A sereia de Curitiba (podendo fazê-lo pelos meios que indicámos na nossa última promoção: enviando foto que prove a posse ou recibo de compra) iremos oferecer um dos 3 exemplares restantes. A oferta é válida também para quem comprar, no nosso site apenas (até final de Setembro), os dois títulos de Rhys Hughes acima mencionados, desde que nos seja indicado por email, logo após a encomenda, que se deseja receber este livro.

Plasmai, senhores







Leia-se o que escrevemos aqui e veja-se, nestas imagens, como, sem alarido ou pompa, uma livraria prova que acompanha a modernidade sem comprometer a sua independência. A livraria é a Livro do Dia em Torres Vedras (Luís Filipe Cristóvão, livreiro e editor, é visível numa das fotos).

O Sr. Chauncey vai a Monção



O DVD de Bem vindo Mr. Chance (note-se que, em rigor, o título português do filme deveria aludir a Mr. Chauncey, pois Chance, o jardineiro, nunca é tratado com qualquer tipo de deferência...), edição da Warner para o filme de Hal Ashby de 1979, escrito por Jerzy Kosinski a partir de Chance, vai para Monção, ao cuidado do leitor Jorge Vaz Nande (alguém que não é estranho à labuta das letras e cujo site pode ser consultado aqui), que, como o comprova a foto, conseguiu apresentar prova de posse de um exemplar da nossa edição, além de transcrever a dedicatória do embaixador Skrapinov... e enviar cópia do recibo de compra!
Termina assim esta nossa mini-promoção de Verão.