Só p'ró ano
Nove perguntas, como leitor de revistas e livros e como editor, à volta da revista LER:
1. Como é que uma revista que é, agora, anual (e soletro: A-N-U-A-L) se apresenta com o mesmo número de páginas, o mesmo aspecto e, (surpresa!) sensivelmente o mesmo conteúdo da sua anterior encarnação trimestral?
2. As responsabilidades, em termos de abrangência, no que toca à selecção de uma revista A-N-U-A-L serão as mesmas de uma revista trimestral?
3. Os gatos do senhor Pina (sem desmérito para uns e outro, adoro uns e conheço o outro apenas literária e supercialmente) e o último (com quantos meses já?) romance do pivot Guedes de Carvalho serão, realmente, os pináculos do mundo literário e editorial do ANO de 2006?
(Relembro: estou a falar de uma revista que não vamos LER outra vez senão daqui a um ANO, 52 semanas, 365 dias, etc...)
4. O terramoto (que deu excelentes livros, e revelou um nome, Rui Tavares, e uma editora, Tinta da China), não terá sido um acontecimento de 2005? E não foi já suficientemente explorado nos best-of do final do ano passado?
5. Uma revista, paga por uma instituição que julgamos altamente solvente, e que nunca trabalhou com pressão de prazos ou qualquer sombra de concorrência, não devia mostrar MAIS na sua versão A-N-U-A-L?
6. Não passam, este ano de 2006, 20 anos da morte de Jorge Luis Borges e os mesmos da sua única(?) visita a Portugal? Não me lembro de ter lido nada sobre isso neste número.
7. Com o dinheiro que algumas editoras gastam em advances against royalties por livros que nem valem um terço dessas somas não se faria algo muito mais abrangente, que englobasse um panorama de leitores, livreiros, tendências, etc, do ANO?
8. 2006 marcou a assunção do "Correntes d'Escritas", da Póvoa de Varzim, como um dos maiores, senão o maior, evento literário regular do país. Alguém leu algo sobre isso na LER?
9. Porque é que esta soma não dá certo, como devia dar:
Zembla (não anual) + The New York Review of Books (não anual) + The London Review of Books (não anual) + ( ...escrevam aqui a vossa proposta... ) ≠ LER ?
Respostas? Pois, só p'ró ano...
PM
3 Comments:
Não consigo entender esse conceito de revista anual.
A ideia é que espero muito mais do uma revista anual do que de uma revista trimestral ou mensal, e todos esses são exemplos de revistas com periodicidade abaixo da anual, logo...
A periodicidade numa revista não é um mero item de capa, junto ao preço; deve trazer alterações profundas, que, com toda a franqueza, não notei nesta LER.
PM
Já há algum tempo que não leio a LER, mas a questão para mim é como é que uma revista sobre literatura, livros e autores consegue ser abrangente do que se vai fazendo ao longo desse mesmo ano. Sou uma leitora compulsiva e gosto obviamente de acompanhar as leituras com outro tipo de informação, não necessariamente crítica literária. Se a publicação é anual perde esse cariz de alguma actualização. Não sei se me expliquei bem...
PS Como leitora compulsiva já estive com o vosso livrinho de futebol nas mãos, mas tal como Nick Hornby ou Thomas Brussig que se debruçaram sobre a mesma temática, é demasiado técnico para mim.
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