Daydreaming
Eis algumas ideias para projectos que poderiam preencher a lacuna que a ausência de imprensa escrita especializada vai deixando cada vez mais larga:
- uma edição Portuguesa da Bravo : a Abril poderia criar uma mini-Bravo em edição Lusa, mantendo o mesmo estilo que mistura um musculado sentido comercial com sofisticação gráfica e editorial. Terá a Abril coragem de arriscar num projecto deste cariz neste confuso rectângulo lusofalante?
- a Lisbon Review of Books (já pararam de rir?) : será preciso lembrar que tanto a Review of Books de Nova Iorque como a de Londres surgiram como resposta a períodos de crise na imprensa escrita? Se o fim de suplementos e o emagrecimento de secções culturais por esses jornais de referência significar um aumento de críticos e cronistas aptos, ávidos e sem emprego, porque não fazer o que outros fizeram antes e com sucesso? As editoras teriam todo o interesse em pagar com publicidade a existência de um projecto independente de interesses de monolíticos grupos de media.
- uma edição portuguesa da Lire ou da QuéLeer? : sejamos sinceros: um mercado editorial como o nosso precisa de, no mínimo, 2 revistas concorrentes e activas. Se ao fim destes anos, o esforço nacional não conseguiu produzir mais do que uma revista mensal e uma revista-que-agora-se-diz-anual, está na hora de os espanhóis ou os franceses entrarem na liça. Se a edição portuguesa do Courrier International parece estar a caminhar bem, porque não uma Ler que seja de facto para ler todos os meses, ou uma OQueLer? que se junte à festa e crie concorrência?
- suplementos portugueses nos jornais espanhóis : se eles já cá estão a investir no mercado editorial, se os agentes deles levam a fatia mais gorda dos advances e dos royalties pagos por editoras portuguesas, e se está provado que os seus jornais de referência sabem dar valor aos suplementos, porque não esperar ter, por exemplo, um Babelia Portugal aos Sábados, nem que seja com 4 páginas (as mesmas, ao fim e ao cabo, do Ipsilon para os livros)?
( Nota: não, a imagem não foi escolhida ao acaso... )
2 Comments:
E contudo, sendo a net uma forma mais barata e acessível de estabelecer um veículo de crítica, não conheço por cá manifestações concretas e sólidas de sites de crítica e apreciação, mesmo que especializados ou ligeiramente amadores.
Concordo em parte com o Luís. No caso da Internet, ao contrário do que se faz em Espanha, nao temos sites como o Ccyberdark - http://www.ccyberdark.net/ - um bom exemplo daquilo que se deveria fazer por cá e não se faz (e restringi-me ao campo da literatura fantástica).
A Internet na língua portuguesa (português europeu) ainda é muito fraca em conteúdos, embora essa situação tenha melhorado um pouco com a explosão de blogues. Mesmo assim, um blogue, por melhor que seja, nunca terá a credibilidade de um site com crítica especializada, feito por pessoas que sabem do que falam.
Mas também acredito que há por aí imensas pessoas com as aptidões e motivação necessária para colaborar em novos projectos, à espera apenas que alguém chegue e aproveite o potencial que têm para dar.
Colocando o universo da net à parte, para que uma revista se concretize em Portugal, seria preciso vencer uma série de obstáculos, não sendo o menor deles, a postura perniciosa de alguns editores, críticos, livreiros, até jornalistas.
Não mando farpas a ninguém em particular mas, infelizmente, o meio português nesta área não é particularmente encorajador.
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