Livros de Areia

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Para o Verão

Nas livrarias e no nosso site, um saco de pano que faz a pergunta a que só os leitores arrojados podem responder: quantos Livros de Areia cabem num saco de pano? Na compra de 3 livros da Livros de Areia, ficam com o saco... e a resposta.

terça-feira, 26 de junho de 2007

His face is an unmade bed
where ghosts wrestle



Podia ser outra coisa, mas é antes o relato cândido, directo
e tocante de uma relação que durou anos da vida de Jerzy Kosinski, até pouco tempo antes da sua morte. O texto é da autoria de Laurie Stieber, uma estudante de 24 anos que, mais do que um mentor literário, quis "tantalize the tantalizer". E conseguiu. Uma relação que espelha o seu local – Nova Iorque – e o seu tempo – o final dos anos 70 e o início dos anos 80 – num texto publicado na revista New York em Janeiro de 1999 (e depois incluído na edição de The Best American Essays 2001, edição Houghton Mifflin), 8 anos após o suicídio de Kosinski, e que termina assim:

"It's a few months before Jerzy died, and he and I are having dinner at a quaint Japanese restaurant a short walk from his 57th Street apartment. We haven't seen each other for a couple of years. Jerzy has a wife, and a lover, who is a singer from Poland. He tells me she has great promise here in America. I don't know if he is referring to her career as a singer or her career as his lover.
Jerzy and I are enjoying dinner together for the last time, but I don't realize it. His face is an unmade bed where ghosts wrestle. He is worn out. I am looking for a glimpse of the younger Jerzy, who inspired and dazzled. I don't find it.
Jerzy tells me he is losing his mind.
He says he cannot trust anything to be familiar. His lover's favorite restaurant. The name of her perfume. His talent and ability to write. He is a sitting duck for memory lapses, sometimes disoriented in his own environment of intellect and erotica. I try to shake him with humor.
'Are you telling me you forgot where to put it?'
'Put what?' he answers.
Dinner should be over. We've had enough to eat, but Jerzy is starving for something intangible and so he stalls. He avoids asking for the check and continues to draw circles in his cup of soy sauce with a chewed chopstick.
Outside, we linger beneath a lamppost. Jerzy looks better. The harsh light flatters his intensity. He kisses me on the lips rather than on both sides of my face, and he holds me much longer than expected. I have been forewarned."


E nós também.

PS.: I beg to differ, Vasco. Voyeurismo (intelectual or otherwise) é um jogo unívoco, predatório ou parasítico até. Isto é mais uma sala de espelhos que reflectem no espaço e no tempo: todos nos conseguimos rever aqui e, pessoalmente, dos textos que li sobre o JK, creio que este é um dos que mais o humaniza. Além disso, o estilo dela é muito semelhante ao dele, e de uma forma quase consciente: que mais bela homenagem poderia haver de uma ex-amante a um sátiro desiludido?
(PM)
Foto © 1992 Czeslaw A. Czaplinski
Excerto © 2007, New York Magazine Holdings LLC.

domingo, 24 de junho de 2007

Ser Nada



A nossa edição de Ser Nada – George W. Bush: um Simulacro Presidencial de Carol V. Hamilton já está disponível para download aqui. Trata-se de um documento PDF de 7 páginas A4 que oferecemos (por acordo com os seus editores originais, Arthur e Marilouise Kroker do CTheory) como complemento a quem quiser temperar a leitura de Chance de Jerzy Kosinski, que sairá em Julho.
© 2007 Livros de Areia Editores Lda. / Design: Pedro Marques

Sempre do outro lado da fronteira



Um Sábado em Vigo para comprar medicação oftalmológica para um familiar: que não se vende em Portugal, disse o Senhor Doutor, e confirmou o Senhor Farmacêutico. Em Espanha, vende-se como pão ao pequeno-almoço: em abundância e muito barata. Descendo a Colón em direcção ao rio, viro pela Policarpo Sanz porque um enorme painel na fachada da sede da Fundação Pedro Barrié de la Maza me capta a atenção. Uma exposição de posters, por incrível que possa parecer: 100 exemplares da colecção do Museum für Gestaltung de Zurique ali à disposição. Ou seja, num inócuo Sábado de Junho, consigo obter quase de graça duas coisas que aliviam os olhos e são, em Portugal, raras ou inexistentes, sendo que, se alguma mezinha oftálmica ainda se encontrará por cá, as exposições de artes gráficas ou design de comunicação são uma miragem. A Fundação de Serralves, por exemplo, nunca mais mostrou o mínimo interesse em explorar o sucesso da já longínqua mostra da obra de Lissitsky: cartazes, por lá, só em contexto histórico das exposições principais. A relva continua muito mais verde do outro lado. (A exposição 100 Posters para un Siglo encerra hoje em Vigo, mas estará na Corunha de 12.07 a 30.09).
(PM)
Imagem: Tabu, Julius Klinger, 1921

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Da gaveta para o blogue II

O post já tem mais de um ano, mas tomamos a liberdade de ir buscá-lo ao baú alheio pois assenta que nem uma luva no que aqui se escreveu atrás. O que Eduardo Pitta aqui apresenta é precisamente um sinal de uma possível mudança do paradigma da crítica/análise/divulgação de livros em Portugal. Há um ano, quase todos poderíamos subscrever as palavras que o anónimo vate rabiscou num livro enviado ao crítico: "escreva sobre o meu livro no Mil Folhas. No blog não interessa". Hoje, o interesse – em virtude do raquítico panorama na imprensa – estará inevitavelmente a desviar-se para os blogues, mas estarão os autores dos blogues – em particular, os que escrevem regularmente nos jornais e revistas – cientes disso?
(PM)

segunda-feira, 18 de junho de 2007

On the side

Como complemento nutritivo de Chance de Jerzy Kosinski, iremos disponibilizar no nosso site, num documento PDF, a tradução de Being Nothing - George W. Bush as Presidential Simulacrum de Carol V. Hamilton, um curto ensaio escrito em 2004 e que parte das assustadoras semelhanças entre o nosso GWB e o jardineiro Chance para construir um retrato muito curioso deste último Presidente americano, e dar a esta novela de Kosinski uma aura inesperada e incontornavelmente profética. Philip K. Dick, Ruth Rendell e outros partilham o lugar de referência literária num texto a não perder. A publicação deste artigo é feita com a autorização dos seus editores originais, Arthur e Marilouise Kroker do CTheory.

Por uma boa causa



Um distribuidor que vai à falência pode pôr um travão definitivo num projecto editorial. E se o projecto for bom, toda a ajuda para manter a coisa a trabalhar é pouca. Então, bute ajudar a McSweeney's! Quem? São só os tipos que puseram cá fora esta revista, e esta, e ainda alguns livros de fazer crescer água na boca. (O sempre presente/ausente Luís Rodrigues que o diga, que já por cá andou a soprar ao ouvido alguns títulos.) Isto é, simplesmente, do melhor que vem da América hoje em dia no que toca a livros e revistas, portanto toca a dar uma mão e ir à loja dos senhores comprar algo. Por cá, já cá canta uma assinatura da Believer. Keep the faith.
© 2003-2007 The Believer / Ilustração: Charles Burns

sábado, 9 de junho de 2007

A sair do forno

Capa de Chance, de Jerzy Kosinski, nas livrarias em Julho (distribuição: 90º Noventa Graus)
© 2007 Livros de Areia Editores Lda. / Design: Pedro Marques

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Da gaveta para o blogue

Ainda sobre a situação da crítica/divulgação dos livros na imprensa: porque razão os críticos que têm blogues (alguns deles referências para nós, como se constata na coluna aí do lado direito) só postam nestes as críticas que já publicaram nos jornais? Não terão eles escrito MAIS críticas ou recensões, que, em virtude da já conhecida e progressiva míngua de espaço, terão ficado na gaveta? E estarão impedidos de as publicar noutro meio que não o jornal, mesmo que esse meio seja o seu próprio blogue?
Há um ano, no encontro que organizámos em Monção, cheguei a afirmar que, dado que a actividade da edição se baseia no papel impresso, sem uma recensão escrita e impressa num jornal ou revista o processo de análise dos livros publicados fica coxo. Hoje, já tenho dúvidas e creio que estamos num terreno intermédio entre essa realidade (entretanto, em processo de lenta implosão) e uma outra em que os blogues podem "tomar de assalto" o lugar de referência (e de credibilidade) até agora atribuído pelos agentes da edição (editores, gráficos, livreiros, leitores) à imprensa tradicional.
(PM)

Vénia - III



João Bicker é o nosso melhor designer de livros, e o único, dentre os designers de livros de referência, que tem a coragem de prescindir da ilustração e do "algodão doce" (i.e., os vernizes, os cortantes, as fitinhas, etc) nas capas: tipografia sólida – entre o espartano e o veneziano – e cliparts oitocentistas ocasionais são os únicos ingredientes necessários para criar uma boa capa.
Para além da renovada imagem da Fenda, creio que os marcos da sua produção são as edições dos textos de Giambattista Bodoni e Eric Gill na Almedina, livros que são muitas coisas num só objecto: documento histórico, ensaio tipográfico (ainda perfeitamente actuais, em ambos os casos) e um subtil manifesto estético by proxy, ancorado numa visão lúcida e sábia do passado. O bom design gráfico não pode fazer caminho sem olhar para trás. (PM)

sábado, 2 de junho de 2007

Quantos cabem?

Na nossa opinião, muitos. (Acreditem, o saco é grandinho). Este é o saco de pano cru que juntaremos à venda de livros durante o Verão, para comprar ou como oferta na compra de um mínimo de 3 livros nossos. No site ou nas livrarias, a partir de meados de Junho.
© 2007 Livros de Areia Editores Lda. / Design: Pedro Marques