Livros de Areia

domingo, 24 de junho de 2007

Sempre do outro lado da fronteira



Um Sábado em Vigo para comprar medicação oftalmológica para um familiar: que não se vende em Portugal, disse o Senhor Doutor, e confirmou o Senhor Farmacêutico. Em Espanha, vende-se como pão ao pequeno-almoço: em abundância e muito barata. Descendo a Colón em direcção ao rio, viro pela Policarpo Sanz porque um enorme painel na fachada da sede da Fundação Pedro Barrié de la Maza me capta a atenção. Uma exposição de posters, por incrível que possa parecer: 100 exemplares da colecção do Museum für Gestaltung de Zurique ali à disposição. Ou seja, num inócuo Sábado de Junho, consigo obter quase de graça duas coisas que aliviam os olhos e são, em Portugal, raras ou inexistentes, sendo que, se alguma mezinha oftálmica ainda se encontrará por cá, as exposições de artes gráficas ou design de comunicação são uma miragem. A Fundação de Serralves, por exemplo, nunca mais mostrou o mínimo interesse em explorar o sucesso da já longínqua mostra da obra de Lissitsky: cartazes, por lá, só em contexto histórico das exposições principais. A relva continua muito mais verde do outro lado. (A exposição 100 Posters para un Siglo encerra hoje em Vigo, mas estará na Corunha de 12.07 a 30.09).
(PM)
Imagem: Tabu, Julius Klinger, 1921