Sequitur:
livreiros. Quase dois anos após o início da nossa actividade, e fora alguns exemplos de autêntica excepção (que fomos, sempre que possível, louvando aqui), acentua-se a ideia de que o entrave maior à edição e ao mercado do livro em Portugal passa pelos livreiros, grandes ou pequenos. Na generalidade, continua a ideia de um importante e (ainda) incontornável intermediário que permanece relapso nas suas obrigações básicas:
pagamento atempado,
encomenda de novidades (mesmo que a consignação, porque a palavra COMPRA parece ser tabu...), e
informação aos clientes.
Exemplos: num recente périplo pelo centro de Lisboa (leia-se, em termos de livrarias, do Rossio ao Chiado e volta), em pelo menos duas livrarias de "nome" me disseram na cara (e eu passava ali como mero interessado e possível comprador, não como editor) que não conheciam os Livros de Areia e que "nunca tinham ouvido falar". Em ambas, luzia no balcão, impante, a última edição da
Os Meus Livros, onde, na página 59, aparece uma crítica ao
Chance, com imagem da capa e nome da editora. E onde, na página15, outras duas referências à editora se fazem... Folgo em poder dizer que obriguei, pelo menos, um dos livreiros a trabalho braçal de consulta da mesma revista. E de uma dessas livrarias tinha vindo, há pouco mais de um ano, um urgente pedido de um dos nossos títulos, para um "cliente especial", que acabou por ser comprado pelo livreiro em questão à cobrança (logo, acima do PVP), contra a nossa sugestão de envio de exemplares à consignação.
Quero continuar a acreditar que os livreiros, se não são capazes de fazer bem qualquer das suas outras actividades, pelo menos lêem, informam-se e passam essa informação a quem a eles recorre, para que não se saia de uma loja de livros de mãos vazias. Mas se vos disser que em nenhuma das referidas livrarias estava disponível um computador com internet, para uma consulta rápida pelo livreiro e pronta resposta ao leitor (e, repito, potencial
CLIENTE), facilmente me dirão o que posso fazer com a minha ingenuidade...
(PM)