Pequenos mistérios
Eis a capa de Pequenos mistérios de Bruce Holland Rogers, que será apresentado durante o Fórum Fantástico de Lisboa a 9 e 10 de Novembro próximo, e também na FNAC do Chiado no dia 10. O autor estará presente em Portugal, a convite do Fórum e com o alto patrocínio da Embaixada dos Estados Unidos da América. Lembramos que esta colectânea de contos, com tradução de Luís Rodrigues, vem com a marca de dois World Fantasy Awards, conquistados em 2006 (um para a colectânea e outro para o conto Don Ysidro). Eis um excerto do conto O Rei Duende:
"Certa noite, faltou a luz no nosso bairro mesmo antes da hora de ir dormir. Eu já estava de pijama, e o meu pai levava-me ao colo para o quarto. Não havia luz para me contar uma história, porém declamou de memória o poema:
A Lua é um olho para o Rei Duende
Ver como te estás a portar.
E se amuas, choras, berras ou gritas
As aranhas vão-lhe contar...
A lua tinha surgido à janela. Àquela luz mortiça, tudo o que podia ver eram as córneas nos olhos do meu pai e os dentes a brilhar.
E quando a Mãe desfez a cama,
Eis o que ela encontrou:
Enquanto declamava o poema, foi esboçando um sorriso cada vez mais largo. Os dentes adquiriram luz própria, e os olhos tornaram-se enormes. O resto do corpo desvaneceu-se até eu deixar de perceber onde acabava a escuridão e começava o meu pai.
Concluiu o poema, depois afagou-me o cabelo e disse o que sempre dizia quando me deixava a sós com as palavras do poema a pairar no ar negro.
– Porta-te bem – disse ele. – Porta-te muito, muito bem."
© 2007 Livros de Areia Editores Lda. / Design: Pedro Marques
A Lua é um olho para o Rei Duende
Ver como te estás a portar.
E se amuas, choras, berras ou gritas
As aranhas vão-lhe contar...
A lua tinha surgido à janela. Àquela luz mortiça, tudo o que podia ver eram as córneas nos olhos do meu pai e os dentes a brilhar.
E quando a Mãe desfez a cama,
Eis o que ela encontrou:
Enquanto declamava o poema, foi esboçando um sorriso cada vez mais largo. Os dentes adquiriram luz própria, e os olhos tornaram-se enormes. O resto do corpo desvaneceu-se até eu deixar de perceber onde acabava a escuridão e começava o meu pai.
Concluiu o poema, depois afagou-me o cabelo e disse o que sempre dizia quando me deixava a sós com as palavras do poema a pairar no ar negro.
– Porta-te bem – disse ele. – Porta-te muito, muito bem."
© 2007 Livros de Areia Editores Lda. / Design: Pedro Marques
4 Comments:
"Lembramos que esta colectânea de contos, com tradução de Luís Rodrigues, vem com a marca de dois World Fantasy Awards, conquistados em 2006 (um para a colectânea e outro para o conto Don Ysidro)."
A colectânea venceu em 2006. O conto foi em 2004.
Fica corrigido. Obrigado.
E não esqueçamos o Pushcart Prize que foi para o "Dead Boy At Your Window" em 1999, que também se encontra nesta colectânea e que considero ainda melhor do que o "Don Ysidro", pela atmosfera simultaneamente tétrica e enternecedora e um apurado sentido de whimsy.
Cuiado, a apresentação na FNAC do Bruce Holland Rogers será no dia 9, e não 10. E o Fórum Fantástico decorre de 8 a 10 de Novembro. Podem consultar mais informações em http://forumfantastico.wordpress.com
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