A memória lembrada I : Kosinski
Foi neste post, há quase 2 anos, que descobrimos o que parecia impossível: um português, vivo, activo nas lides da escrita, que sabia quem era Jerzy Kosinski. "Seguir as sugestões de leitura das pessoas que respeito obedece a outros motivos e é algo que continuo a fazer. Mas invisto cada vez mais na exploração às cegas. Dar com uma capa apetecível, um título, um parágrafo bem esgalhado numa página aberta ao calhas, uma resposta num programa de rádio e ir depois à aventura, investir horas e horas num tipo de que ninguém alguma vez falou ou foi levado na enxurrada do tempo. Kosinski, por exemplo. Jerzy Kosinski. Sei que não vai tardar a aparecer na janela de comentários um iluminado, daqueles que já leram tudo, que vai desconstruir Kosinsky em três linhas. Fair enough. A minha empreitada é ir escrevendo sobre a experiência de o ir descobrindo." (04.01.2005)
Ali estava alguém disposto a descobrir, tal como nós tínhamos descoberto, do nada, dos restos da enxurrada do tempo, esse livrinho chamado The Painted Bird. E, independentemente dos "desconstrutores" de livros e de mitos, dos que se apressam a pôr rótulos de veracidade ou falta dela, decidimos avançar com a nossa versão portuguesa dessas palavras encantatórias, que de verdadeiras poderiam ter apenas o facto de as imagens que evocavam serem verdadeiramente inesquecíveis. E essa era toda a verdade de que necessitávamos.
Meses depois, esse distante pesquisador de enxurradas revelou-se: chamava-se Vasco Barreto, era um biólogo a viver em Nova Iorque e a manter um blogue chamado A memória inventada, e viu, algures, um "fio de baba cósmica" a ligar-nos por sobre os vários oceanos que nos separam. Um elogio, certamente. E assim, este livro que agora lançamos é também deles: de Jerzy Kosinski, que morreu em Nova Iorque levando a sua verdade da forma como entendeu levá-la, e do Vasco, que, em Nova Iorque, se atreveu a tirar objectos estranhos das ruínas do tempo e a olhá-los com a inocência infantil de um cientista que se encanta com o brilho da luz num fio de teia de aranha preservado em âmbar.
Ali estava alguém disposto a descobrir, tal como nós tínhamos descoberto, do nada, dos restos da enxurrada do tempo, esse livrinho chamado The Painted Bird. E, independentemente dos "desconstrutores" de livros e de mitos, dos que se apressam a pôr rótulos de veracidade ou falta dela, decidimos avançar com a nossa versão portuguesa dessas palavras encantatórias, que de verdadeiras poderiam ter apenas o facto de as imagens que evocavam serem verdadeiramente inesquecíveis. E essa era toda a verdade de que necessitávamos.
Meses depois, esse distante pesquisador de enxurradas revelou-se: chamava-se Vasco Barreto, era um biólogo a viver em Nova Iorque e a manter um blogue chamado A memória inventada, e viu, algures, um "fio de baba cósmica" a ligar-nos por sobre os vários oceanos que nos separam. Um elogio, certamente. E assim, este livro que agora lançamos é também deles: de Jerzy Kosinski, que morreu em Nova Iorque levando a sua verdade da forma como entendeu levá-la, e do Vasco, que, em Nova Iorque, se atreveu a tirar objectos estranhos das ruínas do tempo e a olhá-los com a inocência infantil de um cientista que se encanta com o brilho da luz num fio de teia de aranha preservado em âmbar.
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