Livros de Areia

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Dos livreiros I : três situações exemplares

Três situações, ocorridas em 2006, que ilustram alguma da nossa perplexidade face aos atavismos de (alguns) livreiros ditos "tradicionais" (por suposta oposição aos livreiros das cadeias de lojas). Omitiremos nomes por razões óbvias, e porque estes não concorrem em nada para a essência do argumento.

1) Um livreiro da capital pede-nos com urgência um exemplar de um dos nossos livros, pois um cliente "muito especial" procura-o. É suposto enviarmos-lhe 1 exemplar com os "descontos de livreiro". Dizemos-lhe que esses descontos só se aplicam no caso de haver uma venda de livros (plural) à consignação na livraria (ou seja, trocamos uma percentagem do que ganhamos nas vendas por um serviço completo de livraria: exposição, proximidade com os compradores potenciais, alguma promoção, etc); caso contrário, trata-se da simples encomenda de um livro. Ele responde que a situação é urgente e que está disposto a encomendar o livro até à Cobrança. Dizemos-lhe que, nesse caso, irá pagar mais do que o PVP, perdendo qualquer margem de lucro, pelo que lhe propomos enviar 5 livros à consignação, sem despesas para a livraria, dos quais ele retiraria 1 para vender ao cliente em causa. O livreiro opta por encomendar apenas 1 exemplar à Cobrança, pagando 2 euros acima do PVP.
2) Situação algo semelhante com uma livraria dos arquipélagos atlânticos, desta vez com a variante de, após a insistência inicial (de novo motivada pela procura de um "cliente especial") , e tendo a chance de fazer um pedido de livros à consignação através da cadeia de lojas onde se enquadra, o livreiro nãopedir nenhum. Ou seja: um "cliente especial" fá-lo ligar para o móvel, enviar faxes e emails para comprar-nos 2 livros, mas quando pode ter esses livros sem custos o livreiro não se mexe.
3) Um livreiro do Porto recebe uma certa quantidade de livros nossos à consignação, após um contacto pessoal da nossa parte, que envolve a oferta de um exemplar. Pouco mais de um mês depois, ligamos para a livraria perguntando pela situação dos stocks e vendas, o que é supostamente entendido pelo livreiro como sinal de pressão ou crítica velada da nossa parte e, numa birra, decide devolver a consignação.

É este tipo de situações absurdas que faz com que, paradoxalmente, o trabalho com as grandes cadeias seja, por vezes, mais fácil e linear para pequenas editoras.

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E é por essas e por outras que, ainda que não descurando as vendas no comércio «tradicional», penso que uma maior aposta nas vendas via site era uma condição sine qua non. Quantos dos «clientes especiais» não voltaram atrás intimidados pela aparente complexidade da encomenda no vosso site? Comparando com sistemas de outras lojas o vosso, e isto não pretende ser uma crítica destrutiva mas sim uma opinião de «cliente nada especial», é insuportavelmente complexo. O uso de email por exemplo é-me vedado no serviço e calculo que nalgumas empresas as respostas a emails sejam «verificadas». O método de pagamento (sem VISA) também pode causar obstáculo, já que cheques via CTT têm a inconveniência de passados 8 dias deixarem de ser aceites (se o banco quiser respeitar o regulamento dos cheques, claro), à cobrança encarece e a falta de informação detalhada sobre portes, que podiam ser uma taxa fixa + variável torna o processo moroso.

Isto tudo que eu disse é no sentido de dar a perspectiva dum «cliente» que está de fora e depara-se com a hipótese de querer um livro. Algo me diz que esses tais clientes especiais também preferiram ir via livraria mesmo depois de terem consultado o site.

11:53 da manhã  
Blogger LdA said...

Caro Thanatos, nunca tivemos críticas até hoje quanto ao serviço. Acredite que é mesmo o primeiro a fazê-las. :) Se do Brasil nos encomendam livros, se já vendemos livros para Angola e Macau, só podemos concluir que a preguiça ou inépcia impedem certas pessoas aqui de contornar as livrarias, tal como a mesma preguiça e inépcia impedem certos livreiros de pensarem com o lucro de ambas as partes (nós e eles) em mente).

Quanto a vendas por cartão de crédito VISA, lamento, mas mais uma vez não deve conhecer aquilo de que fala: pergunte por aí quanto custa a uma editora ter esse serviço disponível.

Uma coisa asseguramos: quem quiser os nossos livros e os comprar pelo site, tê-los-à em casa. E até hoje sempre cumprimos, e cumpriremos com o livro que nos encomendou, esteja descansado. :)

Pedro Marques

12:15 da tarde  
Blogger LdA said...

"E até hoje sempre cumprimos" Permita-se-me aqui uma auto-correcção: só não cumprimos UMA vez, quando o nosso sistema informático foi abatido por um ataque viral, e os emails de encomendas, num curto período de tempo (uns 2 ou 3 dias) se perderam, impedido-nos de enviar os livros a quem os tinha pedido.
Da situação demos conta no blogue, mas até hoje não tivemos qualquer reclamação derivada desse acidente.

Pedro Marques

12:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu não estou preocupado que o livro não venha :-D Encomendo pela net há anos e já me desapareceram encomendas. Sei que é uma realidade da vida e isso não me preocupa minimamente. Nem eu estava a «desconfiar» que vocês não cumprissem. Longe de mim pensar nisso. E a ausência de críticas não quer dizer que esteja tudo afinadinho e perfeito, ou é? Ou se calhar sou eu que exijo demais. Como referi já encomendei milhares de euros de livros e outros bens via net e talvez por estar habituado a sistemas bem mais simples de click-e-siga-pra-bingo esperava quando clicasse na mãozinha da encomenda do livro ser presenteado com um formulário fácil de preencher e não com o Outlook (que não uso) aberto num email em branco. Mas compreendo que isto eram as minhas expectativas e não seria correcto esperar que os meus critérios de comodidade pudessem ser os vossos padrões de utilização.

Quanto ao VISA sei bem que tem custos, assim como também sei que esses custos podem ser reflectidos nos preços finais. Agradecia era que esse tom paternal de "coitadito do iludido que não sabe nada da vida" deixasse de estar presente nos comentários. Cai-me mal deste lado. Ainda mais quando tudo o que pretendo é dar uma opinião honesta.

12:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E em jeito de remate: não entendo bem a vossa insistência no "tivemos encomendas do Brasil e de Macau". Também eu já comprei à Austrália, à Coreia, ao Japão além dos habituais UK e USA. Via net que interessam as distâncias? Eu regferi-mo é ao processo de encomenda em si. Não à distância envolvida. Ou é tudo uma forma velada de me chamar idiota? :-)

12:27 da tarde  
Blogger LdA said...

Última adenda: e quem quiser os nossos livros e quiser comprá-los numa livraria, poderá ir ao nosso site e consultar a lista "Onde Comprar" (http://www.livrosdeareia.com/ondecomprar.htm), vendo qual das 38 livrarias ou serviços de venda, para além das lojas da cadeia FNAC (de que somos fornecedores), está mais próximo de si.

12:28 da tarde  
Blogger LdA said...

Thanatos, apenas fazemos livros e os vendemos a quem os quer ler ou revender, ou cedemos a quem os quer vender à consignação. Estamos gratos por se incluir no primeiro grupo, e agradecemos as críticas, às quais daremos a justificada atenção. Volte sempre.

12:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Dá-me vontade de dizer que as máquinas de vending de livros (ex: Metro de Barcelona) são mais profissionais que "alguns maus" livreiros.
3 exemplos perfeitos que vão ao encontro daquilo que sempre suspeitei ser a realidade do mercado editorial nacional, "salvo heróicas" excepções que identifiquei e pretendo identificar mais. Relatos diversos feitos por editores e não só..., ressaltam um sério problema entre editor- distribuidor-livreiro que leva a situações menos felizes, dignas de um "Apito Dourado" no sector. Na própria web, efectuando uma pesquisa simples, encontram-se relatos e "imagine"..processos jurídicos...uma vergonha...relatos de uma CULTURA!

8:51 da tarde  
Blogger LdA said...

Sim, também concordo, Nuno: as máquinas seriam uma experiência interessante. A FNAC podia dar o exemplo.

PM

9:08 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Los editores de diarios españoles acuerdan vender periódicos en máquinas


La Asociación de Editores de Diarios Españoles (AEDE) anunció ayer que ha llegado a un acuerdo con Kiosco24, compañía dedicada a la comercialización de máquinas expendedoras de prensa y revistas a nivel mundial, para incrementar la difusión y venta de los diarios asociados. El convenio llega tras la disminución en las ventas que sufren muchos de estos diarios, según los datos de la asociación, que considera que el acuerdo va a suponer el acercamiento de las publicaciones al cliente.

10:22 da manhã  

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